Biografia


Sebastião Baptista Leiria, nasce em Tavira, a 20 de Janeiro de 1918, baptizado em 10 de Fevereiro desse mesmo ano, na freguesia de Santiago, num cadinho místico e artístico, filho mais novo de seus pais, «menino de sua mãe» e, parte a 22 de Novembro de 1972, desempenhando as suas funções como Escrivão de Direito no Tribunal Judicial da Comarca de Tavira.
Muito cedo, revela qualidades artísticas na música, poesia, desenho e pintura.
Dotado do chamado «ouvido absoluto», aprende a tocar piano, órgão de tubos, (único restaurador/afinador), e acordeão.
Inicia-se, jovem, na conservação e restauro da talha dourada dos altares das riquíssimas igrejas desta cidade, com seu pai e tios, de quem é aprendiz.
No retoque e conservação de pinturas a óleo, de altares e telas que, ainda hoje, se encontram dependuradas das suas paredes.
A mestria para o desenho e para as letras, é evidente.
Em 1938 escreve e compõe pelas suas mãos, os seus primeiros livros de prosa e poesia. «Urtigas Amor & Cartas» e «Bolas de Sabão».
Em 1937 cria e elabora artesanalmente, com companheiros, o jornal humorístico «O Grifo», do qual é o director. Escreve e ensaia diversas peças de Teatro e Revista, para as quais compõe as músicas, escreve as letras, cria, desenha e pinta os cenários, e acompanha ao piano: «O Milagre das Amendoeiras», «Tavira Brinca Tavira», «Ferro ao Fundo», «Rebolão ou O Bacalhau Está Podre», «Alforrecas Ao Luar», «Quando o Algarve Canta e Ri», «Não Há Paz Entre as Alfarrobeiras», todas registadas na Sociedade Portuguesa de Autores.
Ensaia e dirige entre 1953 e 1955, o Orfeão Misto da Sociedade Orfeónica de Amadores de Teatro de Tavira, com algumas músicas da sua autoria, entre elas o seu Indicativo «Tavira», a Rapsódia «Cantares Algarvios», bem como arranjos musicais de outros autores. Com esse Orfeão de cerca de cem vozes mistas, e a revista «Quando o Algarve Canta e Ri», vai ao Teatro Maria Vitória em Lisboa, percorrendo o país em muitos espectáculos irrepetíveis.
Também em 1955, compõe manualmente um terceiro livro de poesia «Colheita», com capa desenhada a carvão, cujo título e capa, foi dado à obra apresentada em 2003.
Dirige desde 1958, a Banda de Tavira, apresentando concertos semanais no Jardim do Coreto, acompanhando as Procissões em Tavira, suas freguesias, noutras cidades do Algarve e até em Espanha, (Senhora das Angústias em Ayamonte).
Compõe uma Marcha Fúnebre com os respectivos arranjos instrumentais, intitulada «Dor e Lamento», para a Procissão de Sexta-Feira Santa, que foi tocada pela última vez, no dia do seu funeral, e ainda
arranjos instrumentais para diversas peças.
Em 1960, sob sua regência, a Banda de Tavira concorre ao I Grande Concurso Nacional de Filarmónicas e Bandas Civis, promovido pela Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho, tendo obtido o segundo
lugar, em segunda categoria e, o seu Maestro o diploma de Mérito Artístico.
Em 1961 é nomeado para exercer as funções de Professor de Canto Coral na Escola Técnica de Tavira.
Exerce também as mesmas funções na Escola de Pesca de Tavira, Escuteiros e Mocidade Portuguesa, tendo composto os seus respectivos Hinos e Marchas.
Na vertente da Música Sacra, além da Marcha Fúnebre para a Banda de Tavira, escreve três Avé Marias, a primeira com 18 anos de idade, uma Missa Solene em honra de Nossa Senhora das Dores, bem como todas os cânticos do Setenário a Ela consagrado, dedicada a sua mãe.
São também de sua autoria, os cânticos religiosos a Santo António, ainda hoje cantados na Trezena em seu louvor.
Poeta de Jogos Florais, onde ganha diversos prémios.
Autor do Canto Novo das tradicionais Charolas da Luz de Tavira, escrito, musicado e ensaiado durante largos anos, a pedido do seu Principiador, Sr. Zé Zé Silva, como era conhecido.
Corridinhos, escreve nove, alguns espalhados pelos Ranchos Folclóricos deste Algarve, sendo um, para Coro a seis vozes, que consta do repertório do Grupo Coral Tavira.
Desde os anos cinquenta compõe e ensaia as alegres Marchas de S.João, para as festas de S. João e S. Pedro, na Sociedade Orfeónica de Amadores de Música e Teatro de Tavira.
Em 1965, escreve e ensaia a Marcha Popular «Noite de S. João», com que desfila com um grupo de jovens tavirenses pelas ruas da cidade, vindo exibir-se na Rua D. Marcelino Franco, nas Festas de S. João, ao som do seu acordeão.
A «Canção a Tavira», propositadamente escrita e musicada para as Festas da Cidade, «Festas da Misericórdia», é interpretada pela cantora Maria de Lurdes Resende e gravada em disco.
Dirige e toca piano em várias orquestras de música ligeira com outros músicos amigos. «Orquestra Terpsicora», «Orquestra Euterpe», «Orquestra Balsínea».
Ainda em 1965, assume a Direcção da Orquestra Típica Algarvia, sediada em Faro, com cerca de cinquenta instrumentos, para a qual escreve propositadamente a peça «Eis o Algarve», para orquestra e solista, e a orquestração da Rapsódia «Cantares Algarvios», de sua autoria.
Para abrilhantar a passagem de ano 1965/1966, no Café Arcada, apresenta-se com a orquestra «Os Fantasmas Desaborrecidos -Último Conjunto de Baile».
Colabora, como articulista assíduo, nos jornais «Os Ridículos», «Povo Algarvio», «Jornal do Algarve» e correspondente do «Primeiro de Janeiro» no Porto.
Partilha com Ofir Chagas e Luís Horta a publicação, em 1968, do livro intitulado «Espaço de Tavira».
É fundador, com Ofir Chagas e Luís Horta, do jornal, «O Tavira», cuja primeira publicação ocorre em Abril de 1973, que já não vê editado.
Em 1978, no I Encontro da Imprensa Regional Algarvia, é homenageado numa cerimónia pública, em que é descerrada, pelo seu neto, uma lápide no Coreto do Jardim da Cidade, onde foram realizados inúmeros concertos.
Em Junho de 1991, pelas Festas da Cidade, a Câmara Municipal de Tavira, publica o primeiro livro de poesia, «Cantigas de Bem Querer e outros Versos», uma pequena parte da sua vasta obra literária, com
selecção e apresentação do Dr. Joaquim Magalhães, e a filha do autor.
No mesmo dia, é inaugurada uma rua com o seu nome, e celebrada missa em sua memória, na Igreja de Santa Maria do Castelo, onde é cantada pelo Grupo Coral Tavira, sob a direcção do seu fundador Professor Francisco Ramos, a Missa em honra de Nossa Senhora das Dores, de sua autoria.
Em 20 de Janeiro de 2001, é editada, também pela Câmara Municipal, a Revista «Quando o Algarve Canta e Ri».
Em 25 de Janeiro de 2003, ocorre a publicação do livro «Colheita», edição da Câmara Municipal de Tavira.
Em 22 de Novembro de 2008 «Concerto dos noventa anos do nascimento de Sebastião Leiria», organização do Grupo Coral Tavira.
Em 04 de Abril de 2012, é criado «I Concurso de Piano Sebastião Leiria», iniciativa da Academia de Música de Tavira.
Em 24 de Junho de 2012, homenagem da Junta de Freguesia de Santiago de Tavira, como cidadão nascido, e residido na freguesia de Santiago.
Em 24 de Novembro de 2012, «Concerto de Homenagem a Sebastião Leiria» pelos quarenta anos da sua morte, organização do Grupo Coral Tavira.

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